terça-feira, 26 de abril de 2011

MANTEGA DIZ QUE INFLAÇÃO BRASILEIRA 'NÃO ESTÁ MAL'

Mantega voltou a justificar a alta nos preços com base no cenário internacional. O ministro acredita que a inflação vivenciada no Brasil é importada, em função do alto preço das commodities, sobretudo as agrícolas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira na primeira reunião de 2011 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “conselhão”, que a inflação brasileira está mais controlada do que o observado em outros países emergentes. “O crescimento da inflação do Brasil é menor do que em vários outros países. O Brasil não está mal”, disse no Palácio do Planalto. O ministro citou a China como exemplo, cuja inflação acumulada dos últimos doze meses terminados em março atingiu 5,4%. No entanto, a alta dos preços acumulada no país no mesmo período é de 6,3%.

Mantega voltou a justificar a alta dos preços no Brasil com base no cenário externo. O ministro acredita que a inflação vivenciada no país é importada, em função da forte elevação dos preços internacionais das commodities, sobretudo as agrícolas; em decorrência de problemas de safra, do expressivo aumento de consumo no mundo e da especulação financeira. Porém, ele não mencionou que o país também vive uma escalada de preços de serviços. Disse apenas que é preciso evitar que essa alta das commodities contamine os demais setores da economia. “Precisamos usar todas as armas possíveis contra inflação, sejam monetárias ou fiscais”. Entre as medidas, o ministro citou o corte de despesas – considerado insuficiente pelo mercado para controlar a inflação – e o estímulo ao aumento da oferta agrícola.

Mantega defendeu ainda a redução do crédito para controlar o aumento do consumo que, segundo ele, está acima do patamar ideal. “É preciso moderar, sem matar a galinha dos ovos de ouro”, ponderou. Apesar da alta da inflação e do juros, o ministro disse que os ajustes que o governo está realizando terão sucesso em vários setores. “Não deixamos criar bolha na bolsa de valores e no mercado imobiliário, tampouco existe na área de crédito”, disse.

Juros – Segundo o ministro da Fazenda, o Banco Central só poderá reduzir os juros quando houver controle da inflação. “Estamos reduzindo o gasto público para diminuir a demanda pública porque a demanda nacional está aquecida. E também porque a redução de gasto de custeio vai permitir expansão do crescimento e abre caminho para redução do juros básico. Não estou falando do próximo Copom, mas quando as condições forem adequadas”, admitiu.

Câmbio – O ministro defendeu ainda medidas para evitar a valorização excessiva do real frente ao dólar. Ele afirmou que a moeda americana já estaria abaixo de 1,40 reais se o governo não tivesse tomado medidas prudenciais, como impedir o excesso de capital especulativo. Analistas, no entanto, refutam que tais medidas sejam eficazes para controlar a entrada de recursos externos no país, o que valoriza o real ante o dólar.

Também participaram da reunião do Conselhão, a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, o ministro do Banco Central, Alexandre Tombini e o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Esta é a a 37ª edição do encontro, que teve início em 2003.

(Fonte: Veja)

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