sexta-feira, 13 de abril de 2012

BANCOS CONSEGUEM ALIVIAR O EFEITO DOS COMPULSÓRIOS

Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, os três principais bancos privados do país, conseguiram diminuir praticamente à metade a restrição de liquidez imposta pelo Banco Central no fim de 2010 com o aumento das alíquotas de recolhimento compulsório sobre o dinheiro depositado pelos clientes nas instituições financeiras. O caminho foi aumentar o peso dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) no total dos depósitos, ao mesmo tempo em que as aplicações na poupança e o dinheiro da conta corrente perderam espaço. Mesmo com compulsório maior desde o fim de 2010, o CDB segue como o instrumento que dá maior liberdade de aplicação aos bancos

Itaú Unibanco, Bradesco e Santander conseguiram aumentar a fatia de recursos livres para emprestar a partir dos depósitos recebidos dos clientes, mas isso não significa que eles escaparam da alta do compulsório do fim de 2010 - o efeito colateral maior foi na redução da exigibilidade de aplicação em crédito rural e imobiliário.

O dinheiro que os bancos precisavam deixar de forma obrigatória no Banco Central representava 29,3% dos depósitos totais em setembro de 2010, antes do aperto monetário. Em dezembro daquele ano, a fatia efetiva do compulsório subiu para 35%. Um ano depois, o percentual era de 34,5%, uma queda de 0,5 ponto percentual.

Já a fatia de crédito direcionado para empréstimo imobiliário e rural diminuiu mais. Era de 22,7% em setembro de 2010, ficou em 22,9% no trimestre seguinte e um ano depois caiu 2 pontos, para 20,9%.

O impacto em termos de restrição de liquidez no fim de 2010 teria sido maior se o Itaú não tivesse direcionado recursos da conta corrente dos seus clientes para outros instrumentos de captação.

Ao contrário do que ocorre tradicionalmente por causa do 13º salário, no último trimestre de 2010 o total de depósitos à vista do Itaú caiu em relação a setembro. A queda foi de 9%, ante um aumento médio de 27% em iguais comparações feitas de 2001 a 2009 - sendo que em todos os anos houve alta, em alguns casos de mais de 40%.

Essa transferência fez com que a parcela de recursos livres do Itaú tenha recuado 5 pontos percentuais no quarto trimestre de 2010 (quando houve o aperto monetário), enquanto no Bradesco e no Santander a redução foi de 6,4 pontos. Procurado, o Itaú não se manifestou.

No fim de 2011, foi a vez do Santander. Conforme noticiado pelo Valor em 21 de março, o banco direcionou para CDBs recursos que normalmente ficavam em contas poupança vinculadas às contas correntes dos clientes. Na ocasião, o Santander informou que o motivo para a mudança foi reduzir a volatilidade na exigência de crédito imobiliário, que teria que ser elevado por movimentos de curto prazo nos depósitos dos clientes.

O efeito prático foi a elevação de 45,5% para 49,6% da fatia dos depósitos totais que o banco espanhol pode usar livremente.

O Bradesco, que não quis se pronunciar sobre o assunto, não fez mudança brusca de direcionamento dos depósitos de clientes, mas também conseguiu elevar proporcionalmente a captação via CDBs.

O movimento visto em 2011 reedita o que ocorreu entre 2006 e o terceiro trimestre de 2008. As alíquotas de compulsório e exigibilidade ficaram inalteradas no período, mas a parcela dos depósitos que podia ser usada livremente pelos bancos saltou de 39,5% para 51,2% naquela época. O mecanismo foi o mesmo. A fatia dos depósitos à vista sobre o total caiu de 25% para 16% e a de poupança recuou de 32% para 23%. A parcela aplicada em CDBs subiu de 43% para 61% no mesmo período.

Já entre o segundo trimestre de 2009 e o segundo de 2010, quando a Selic bateu recordes de baixa, chegando a 8,75% ao ano, foi a vez de o investidor mostrar sua cara. A poupança ganhou competitividade em relação às aplicações atreladas à variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), como é o caso da maioria dos CDBs, e sua fatia nos depósitos totais subiu de 21% para 27% do total. (Colaborou Carolina Mandl)
(Fonte: Valor Econômico, extraído de Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)

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