segunda-feira, 25 de março de 2013

RECEITA ESTUDA MUDANÇA EM CRÉDITO TRIBUTÁRIO PARA FACILITAR BAIXA DE PREÇOS DA CESTA BÁSICA

Diante das evidências de que faltou planejamento na antecipação do anúncio da isenção de tributos sobre produtos da cesta básica, como óleo de soja, café e açúcar, o governo federal prepara ajustes na medida. Para que a redução de preço chegue ao consumidor, é necessário mudar o complexo sistema que cobra taxas e contribuições em cascata.

Na sexta-feira, o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, admitiu que o governo estuda ajuste na tributação de PIS/Cofins para que os fabricantes de produtos essenciais não acumulem créditos tributários. O governo fez uma conta simples ao anunciar o fim de tributos federais na cesta básica: zerando a alíquota de 9,25% de PIS/Cofins, os preços cairiam na mesma proporção. Mas o sistema tributário atrapalha o repasse.

Desde o anúncio da medida, os créditos de PIS/Cofins acumulados ao longo das etapas de produção não podem mais ser abatidos na venda dos industrializados para o mercado interno, já que esses produtos não pagam mais imposto. Com isso, a indústria fica no prejuízo, pois tem crédito tributário, mas não tem como descontá-lo. Os valores ficam acumulados na contabilidade das indústrias, que continuarão pagando pelo custo tributário das etapas anteriores da produção.

Para Fiergs, faltou equilíbrio na medida bem intencionada

Conforme o secretário, o governo vai fazer um balanceamento de créditos – reduzir ou aumentar o crédito. No caso do óleo de soja, produto essencial, o crédito pode ser zerado. Para o farelo, fora da cesta básica, seria maior.

O governo estuda ainda fazer o pagamento em dinheiro de créditos que as empresas não conseguirem compensar. A necessidade desse ajuste havia sido apontada pela Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). O presidente da entidade, Heitor José Müller, considerou a iniciativa "bem intencionada", mas causadora de desequilíbrio no saldo fiscal das empresas.

– Esperamos que aconteça o mesmo que ocorreu com a elogiável desoneração da folha de pagamento, que inicialmente trouxe problemas, mas o governo federal foi fazendo ajustes para tornar efetiva a decisão – ponderou.

Em artigo publicado ontem em ZH, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, fez um apelo pelo repasse:

"É hora de honrarmos a nossa palavra e darmos legitimidade aos nossos pleitos. Se tivermos um ganho de 2%, devemos repassar estes 2% em abatimento no preço do produto aos clientes. Se for de 15% o ganho, deverá ser de 15% o repasse de queda."

A demora no repasse incomodou a diretora do Procon de Porto Alegre, Flávia do Canto. Admitindo que não pode fiscalizar porque a redução de preço não é obrigatória, criticou:

– A alta da cesta básica não me surpreendeu, os supermercadistas pensam mais no próprio negócio do que no consumidor.

(Fonte: APET)

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