quarta-feira, 25 de maio de 2011

JUROS FUTUROS SOBEM APESAR DE CENA POSITIVA

A curva de juros futuros ganhou uma cara feia após o pregão de terça-feira, como se a perspectiva dos agentes com relação à inflação e taxa de juros tivesse perdido boa parte do viés positivo adquirido ao longo do mês.

Os vencimentos longos subiram entre 0,06 e 0,10 ponto percentual e o contrato com vencimento em janeiro de 2013 voltou a marcar 12,60%, cotação não registrada desde o começo do mês.

Outro ponto destacado pelos agentes é a perda de inclinação entre os vértices 2013, 2014 e 2015. Todos os três, conforme mostra o gráfico abaixo, rondam essa linha de 12,60%. O que também mostra uma piora na percepção com relação à inflação e juros no médio prazo.

O formato "normal" da curva seria ganhar inclinação até certo ponto e depois os contratos passariam a apontar para baixo. Mas isso só ocorre de 2015 em diante. Ou seja, até lá, os agentes seguem incertos quanto à capacidade de a política monetária levar a inflação para baixo e, consequentemente, a taxa básica de juros.

Goldman Sachs está otimista com as commodities

Mas o que mais chamou atenção ao longo do dia foi a ausência de informações com força suficiente para justificar tal formato da estrutura a termo.

Segundo alguns operadores, boa parte da compra de juros futuros foi conduzia pela tesouraria de um grande banco local.

No entanto, esses mesmos corretores se disseram intrigados, pois as informações recentes são favoráveis à queda nos prêmios de risco.

As coletas privadas de preços continuam reforçando a perspectiva de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) próximo de zero em junho e julho. Os indicadores de atividade perdem fôlego e o quadro externo sugere menor crescimento e influência inflacionária.

O único ponto do dia que daria força à alta nos vencimento da curva de juros seria o preço das commodities. Mas tal movimentação de preço nas matérias-primas não teria força suficiente para responder por todo o movimento do dia.

Na ausência de boas explicações técnicas ou fundamentais, também circularam pelo mercado justificativas de viés político, mas também não muito acreditadas.

A fonte de preocupação seriam as dúvidas que cercam o aumento de patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.

Goste ou não, o ministro goza de prestígio junto a investidores locais e externos por carregar uma aura de seriedade quando se trata de política econômica.

No entanto, como disse um gestor, Palocci tem grande importância dentro do governo, mas não é mentor da política econômica. Fora isso, diz esse mesmo especialista, a seriedade fiscal parece estar no DNA do governo Dilma Rousseff.

Como o dia terminou com muito mais dúvidas do que respostas, resta observar o comportamento dos contratos hoje e nos próximos dias para se confirmar se há, mesmo, uma piora de percepção ou o que se observou foi algum ajuste pontual nas posições dos agentes.

No mercado externo, conforme já observado em outras ocasiões, o pessimismo com o endividamento dos Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) ficou concentrado na segunda-feira. As dívidas e os prazos continuam o mesmo, mas o modo de encarar o problema foi suavizado no pregão de ontem. Menos avessos ao risco, os agentes voltaram a vender dólares e comprar euros e a remontar posições em ativos de risco.

As commodities também centraram atenção depois que o Goldman Sachs e Morgan Stanley divulgaram relatórios melhorando duas perspectivas com relação às matérias-primas depois da recente correção.

No caso do Goldman Sachs, o banco aponta que a relação risco/retorno voltou a ficar favorável à posição comprada em commodities embora o risco de queda no curto prazo ainda exista, já que os mercados se adaptam a um ambiente de menor crescimento com menor risco de choques de oferta. A recomendação é ficar com posição acima da média mirando o longo prazo no petróleo, cobre e zinco.

Passando para o câmbio local, a formação de preço continuou atrelada ao sinal externo. O dólar comercial fechou com queda de 0,49%, a R$ 1,624 na venda.

No mercado futuro, o dólar para junho registrava queda de 0,61%, a R$ 1,627, antes do ajuste final de posições.

(Fonte: Valor Econômico, extraído de Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)

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