segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

INDÚSTRIA PRECISA INOVAR PARA CONCORRER

Inovação é a palavra-chave para que vários segmentos da economia brasileira, especialmente a indústria, consigam se adaptar a um quadro de concorrência ferrenha nos mercados internacionais.

A demanda doméstica é sempre apontada como um ativo valioso do país, mas esse trunfo deve ser visto como uma alavanca para se atingir também mercados externos, pois não se basta por si mesmo. Se parte dos bens e serviços gerados internamente não encontra mercado no exterior, por falta de competitividade, não demorará muito para que a demanda doméstica se desloque na direção da oferta que vem de fora, o que pode significar perda de oportunidades para os brasileiros.

A demanda doméstica é importante como ponto de partida. Produzir em grandes quantidades geralmente reduz custos, e nesse sentido a economia brasileira, inserida em uma união aduaneira como o Mercosul, tem uma vantagem comparativa invejável. Um bom exemplo é a demanda por veículos. O Mercosul já pode ser considerado o quinto maior mercado para veículos no planeta, o que tem atraído para o Brasil e nossos vizinhos muitos investimentos de indústrias automobilísticas. É o caso também do petróleo e do gás. Em poucos anos, a produção brasileira duplicará, e a execução dos projetos para viabilizar esse salto criou uma enorme demanda por equipamentos e serviços no setor.

No entanto, deve-se observar que outras economias também já usufruem de grande escala de produção ou estão mais adiantadas no processo produtivo. Para contrabalançar essa desvantagem, o Brasil costuma recorrer a reservas de mercado. Ou seja, concede estímulos para produção interna ou cria barreiras à entrada de bens e serviços importados. Mas em ambos casos há limites, até mesmo em decorrência de acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. A falta de competitividade pode ser compensada ainda por políticas macroeconômicas que envolvem subsídios ao crédito e desvalorização cambial.

A médio prazo, tais políticas provocam grandes distorções no sistema econômico, entre as quais uma inflação estrutural difícil de ser eliminada (o Brasil sabe muito bem o que é isso). Desse modo, a aposta na qualidade é, sem dúvida, o diferencial que faz a economia avançar de forma consistente. O Brasil perdeu muito tempo em discussões pouco eficazes sobre a questão da tecnologia e inovação, ora segregando esse processo na universidade, ora esperando que a iniciativa empresarial, a partir da experiência prática, fosse capaz de dar resposta ao desafio.

Hoje, já se percebe que a base científica, apoiada na universidade, serve de esteio para o trabalho de institutos de pesquisas, públicos e privados, que, por sua vez, devem estar antenados às demandas do mercado e às necessidades das empresas.

O recém-empossado ministro da Ciência e Tecnologia, o físico Marco Antonio Raupp, conhece bem o mundo acadêmico e a contribuição de institutos de pesquisa sob a égide do Estado. Como ele próprio reconhece, seu ministério tem como tarefa criar sinergias junto ao esforço empresarial. Sem isso, corremos o risco de ser atropelados pela concorrência, perdendo importância relativa nos mercados.

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