Inovação é a palavra-chave para que vários segmentos da economia brasileira, especialmente a indústria, consigam se adaptar a um quadro de concorrência ferrenha nos mercados internacionais.
A demanda doméstica é importante como ponto de partida. Produzir em grandes quantidades geralmente reduz custos, e nesse sentido a economia brasileira, inserida em uma união aduaneira como o Mercosul, tem uma vantagem comparativa invejável. Um bom exemplo é a demanda por veículos. O Mercosul já pode ser considerado o quinto maior mercado para veículos no planeta, o que tem atraído para o Brasil e nossos vizinhos muitos investimentos de indústrias automobilísticas. É o caso também do petróleo e do gás. Em poucos anos, a produção brasileira duplicará, e a execução dos projetos para viabilizar esse salto criou uma enorme demanda por equipamentos e serviços no setor.
No entanto, deve-se observar que outras economias também já usufruem de grande escala de produção ou estão mais adiantadas no processo produtivo. Para contrabalançar essa desvantagem, o Brasil costuma recorrer a reservas de mercado. Ou seja, concede estímulos para produção interna ou cria barreiras à entrada de bens e serviços importados. Mas em ambos casos há limites, até mesmo em decorrência de acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. A falta de competitividade pode ser compensada ainda por políticas macroeconômicas que envolvem subsídios ao crédito e desvalorização cambial.
A médio prazo, tais políticas provocam grandes distorções no sistema econômico, entre as quais uma inflação estrutural difícil de ser eliminada (o Brasil sabe muito bem o que é isso). Desse modo, a aposta na qualidade é, sem dúvida, o diferencial que faz a economia avançar de forma consistente. O Brasil perdeu muito tempo em discussões pouco eficazes sobre a questão da tecnologia e inovação, ora segregando esse processo na universidade, ora esperando que a iniciativa empresarial, a partir da experiência prática, fosse capaz de dar resposta ao desafio.
Hoje, já se percebe que a base científica, apoiada na universidade, serve de esteio para o trabalho de institutos de pesquisas, públicos e privados, que, por sua vez, devem estar antenados às demandas do mercado e às necessidades das empresas.
O recém-empossado ministro da Ciência e Tecnologia, o físico Marco Antonio Raupp, conhece bem o mundo acadêmico e a contribuição de institutos de pesquisa sob a égide do Estado. Como ele próprio reconhece, seu ministério tem como tarefa criar sinergias junto ao esforço empresarial. Sem isso, corremos o risco de ser atropelados pela concorrência, perdendo importância relativa nos mercados.
(Fonte: O Globo, extraído de Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)
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