quarta-feira, 20 de julho de 2011

MERCADO PREVÊ JURO 0,25 PONTO MAIOR E NOVA ALTA EM AGOSTO

Além de elevar os juros em 0,25 ponto percentual hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá repetir a expressão "período suficientemente prolongado" no comunicado divulgado após a reunião, para manter aberta a possibilidade de um novo aumento na reunião de agosto, segundo analistas. "O BC precisa continuar recuperando sua credibilidade, inclusive para voltar a ancorar as expectativas para o IPCA. A mensagem que precisa passar aos agentes econômicos é que o combate à inflação será mantido até quando for necessário", disse Juan Jensen, sócio da consultoria Tendências.

José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista da Opus Gestão de Recursos, espera que o comunicado tenha poucas mudanças em relação ao da última reunião. "Há uma desaceleração lenta da economia doméstica, numa conjuntura marcada por mercado de trabalho muito pressionado e demanda aquecida, que faz com que a inflação de serviços fique próxima de 9% no acumulado em 12 meses", explicou.

Outro fator que justificaria a ausência das alterações no texto é que a taxa de desemprego, apurada pelo IBGE em seis regiões metropolitanas, atingiu 6,2% em junho, a menor para o mês desde 2002, enquanto o rendimento médio real dos assalariados aumentou 0,5% em junho em relação a maio e subiu 4% ante junho de 2010. "A taxa média de desemprego em 2010 ficou perto de 6% em 2010 e deve fechar ao redor de 5,5% neste ano."

Na avaliação de Jensen, o Banco Central deve manter o tom cauteloso, em seu comunicado, sobre a manutenção do ciclo de alta de juros, iniciado em janeiro, pois mais três altas da Selic de 0,25 ponto percentual são necessárias para tentar o controle da inflação. A Tendências estima que o IPCA deve encerrar em 6,6% neste ano. "Seria muito ruim para a presidente Dilma Rousseff e para o presidente do BC, Alexandre Tombini, encerrar o primeiro ano de governo com a inflação acima do teto da meta de 6,5%."

De acordo com Braulio Borges, economista-chefe da LCA, o tom do comunicado do BC e da ata que será divulgada na próxima semana devem ser consistentes com a estratégia do Copom. Isso indicaria que o "período suficientemente prolongado" de alta da taxa duraria dez meses e seria adotado em sete das oito reuniões deste ano da autoridade monetária. Embora espere que o IPCA deve ficar em 6,1% neste ano, marca distante do centro da meta de 4,5%, ele pondera que alguns elementos domésticos e externos podem colaborar para que o aperto de juros não seja ainda maior no decorrer do ano.

"O Banco Central manifestou, no relatório de inflação de junho, que as medidas macroprudenciais que adotou desde dezembro devem apresentar seu auge de impacto sobre o nível de atividade no terceiro trimestre", comentou. Borges avaliou que o BC está esperando aferir os impactos das medidas, focadas em boa parte para conter o avanço do volume de dinheiro em circulação na economia, para diminuir a necessidade de alta de juros. Segundo ele, as medidas macroprudenciais evitaram que o BC precisasse subir a Selic em cerca de dois pontos percentuais até hoje.

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